sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uma reflexão sobre as "leituras" pós-modernas por meio de um clássico contemporâeno

Ao contrário das "leituras" pós-modernas (seja lá o que isso for), "jogos de linguagem", na perspectiva de Ludwig Wittgenstein, não significa que não há verdade e, portanto, tudo seria apenas "jogos". Mesmo porque uma tal interpretação desavisada, do livro Investigações Filosóficas (doravante I.F.), incorre em contradição performática, pois os "jogos" existem e, quaisquer que sejam, são verdadeiros. Derivar daí um extremo relativismo demonstra de três possibilidades, uma: ou que não se leu I.F., ou que não se entedeu o que se leu, ou que a "leitura" atende a outros propósitos do que pretendeu Wittgenstein. Tal é o caso das "leituras" pós-modernas, por exemplo.
O que Wittgenstein percebeu a partir das críticas de Frank Ramsey e de seu amigo, o economista Piero Sraffa, foi que a linguagem é basicamente COMPORTAMENTAL, ou seja, a ideia clássica REPRESENTACIONAL está errada se se entender por REPRESENTAÇÃO algo como ESPELHAR a realidade. Não há um "fora" para ser espelhado (REPRESENTADO) aqui "dentro".
Contudo, isso não é a mesma coisa que afirmar ser tudo ABSOLUTAMENTE vago e, portanto, afirmar um vale-tudo PÓS-MODERNO, o qual cumpre bem o papel de fundo ideológico à produção do nonsense contemporâneo (indústria de livros de autoajuda, "ficções históricas" tais como a de Dan Brown etc.).

Nenhum comentário: