quinta-feira, 15 de julho de 2010

Onde estão os bons roteiros dos filmes de cinema?

Assisti recentemente a Fúria de Titãs, uma refilmagem. Gosto de mitologia, especialmente mitologia grega, mas o diretor conseguiu estragar um mito interessantíssimo ao adaptar a história ao american way of life. Perseu tornou-se um típico personagem em busca dos seus 15 minutos de fama e os titãs tornaram-se meros vilões ao estilo das décadas de 60 e 70, previsíveis, chatos e sem graça - lembram-se do seriado na TV, Batman e Robin, nessas décadas? Pow! Puf! Pof! Tabuff! Só faltou a "sonoplastia" iconográfica.

Ainda prefiro a versão anterior, sem todos os recursos tecnológicos contemporâneos, mas com muito mais imersão no mito grego antigo. Penso existir uma crise de roteiros no cinema atual (se é que não existe há mais tempo) porque os filmes aos quais tenho assistido são muito ruins: Avatar (um faroeste requentado com tecnologia 3D), Percy Jackson e o ladrão de raios (esse é a versão adolescente de Fúria de Titãs), Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse (se vampiro for como o Edward, quero o bom e velho Drácula de minha infância: da Hammer Films Productions). Em relação à "saga" Crepúsculo cabe um comentário especial. Como transformar um interessante mito moderno em uma versão Disney do mesmo? Basta "recriá-lo" da seguinte maneira: (1) o vampiro-disneyficado só se alimenta de animais para não prejudicar os humanos. (2) Sexo só depois do casamento (o Papa até chorou com essa). (3) Brilha como diamantes quando exposto a luz do sol (cadê a fada Sininho?). (4) O símbolo-fálico por excelência do vampiro, as presas, sumiram (faltou o plano dentário). Para não falar dos lobisomens-índios guardiães das florestas (o papai Smurff deve estar orgulhoso deles). Depois disso ainda sobrou alguma coisa dos vampiros (ou dos lobisomens)? A escritora, Stephanie Meyer quer que os jovens retornem às décadas de 30 ou 40 - a "época dourada" para os neoconservadores norteamericanos.

Roteiros assim só podem ter surgido da fabulosa mistura das ideias de Sarah Palin, Al Gore e os "teóricos" do "Design Inteligente".