É então nessa finalidade que reside o valor de estudar filosofia. Para se compreender o que ela implica no programa que defendo, as capacidades que o estudo da filosofia desenvolve são as seguintes:
- Atender apenas à argumentação racional, sem deferência para com a tradição ou a autoridade.
- Reconhecer todos os seres humanos como iguais no debate filosófico, seja qual for a sua opinião, religião, raça ou opção de natureza pessoal.
- Reconhecer o debate filosófico como uma procura cooperativa da verdade.
- Considerar criticamente problemas éticos, políticos, estéticos e ainda os problemas levantados pelas crenças religiosas.
- Perspectivar as relações humanas sob diversas teorias morais.
- Perspectivar a sociedade sob diversas teorias políticas.
- Perspectivar a actividade artística sob diversas teorias da arte.
- Perspectivar a prática religiosa sob as diversas respostas aos problemas levantados pelas crenças religiosas.
- Compreender as dificuldades enfrentadas pelas respostas e perspectivas dos pontos anteriores.
- Desenvolver uma simpatia cada vez mais inclusiva pelos seres humanos, dado que todos partilham problemas complexos mas comuns.
- Desenvolver a sensibilidade às formas de sofrimento e realização dos seres humanos através da exposição a uma variedade de perspectivas.
- Imaginar possibilidades de desenvolvimento da vida humana a partir das diversas perspectivas dos pontos anteriores.
Outras disciplinas que não a filosofia tratam igualmente de problemas políticos e morais, por exemplo. Que necessidade há então de filósofos? Os filósofos dedicam-se inteiramente a investigar esses problemas a um nível básico e fundamental; sobre eles desenvolvem padrões de análise e argumentação para que foram especialmente educados, e conhecem também as ideias, os argumentos, as objecções e as respostas sofisticadas a essas objecções que tais problemas suscitam. É nisto que a actividade filosófica se distingue do contributo das outras disciplinas.
Fonte: Crítica na Rede